quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Um certo nojo

Eu ainda me lembro um pouco daquela frente de casa mais antiga, sem reforma. Aquele jardim velho ali na frente. Era assim: olhando de frente era uma casa numa rua bem aclive. Os portões eram de uma grade cinza de pontas, um portãozinho menor, a cadeado. Atrás das grades, no canto esquerdo, a caixa de correspondência. E hoje, eu pela janela da sala via o jardineiro.
Velho para mim na época, mas creio que naqueles dias ele teria uns 40 anos. Usava a blusa pra dentro da calça, cinto e além de ter uma leve barriga, deixava uns botões da camisa abertos e não duvido nada, de que tinha um cordão com um possível crucifixo. Enfim, tinha um cabelo grande grisalho, um nariz grande demais para o rosto, mas havia alguma simetria que me remetia uma certa ânsia. Nesse mesmo dia, me mandaram levar um café pra ele. Então ele pegou o café da minha mão, tomou, olhando na minha cara e depois disse:

“Tava com gostinho de “quero-mais”.”