Eu ainda me lembro um pouco daquela
frente de casa mais antiga, sem reforma. Aquele jardim velho ali na
frente. Era assim: olhando de frente era uma casa numa rua bem
aclive. Os portões eram de uma grade cinza de pontas, um portãozinho
menor, a cadeado. Atrás das grades, no canto esquerdo, a caixa de
correspondência. E hoje, eu pela janela da sala via o jardineiro.
Velho para mim na época, mas creio que naqueles dias ele teria uns
40 anos. Usava a blusa pra dentro da calça, cinto e além de ter uma
leve barriga, deixava uns botões da camisa abertos e não duvido
nada, de que tinha um cordão com um possível crucifixo. Enfim,
tinha um cabelo grande grisalho, um nariz grande demais para o rosto,
mas havia alguma simetria que me remetia uma certa ânsia. Nesse
mesmo dia, me mandaram levar um café pra ele. Então ele
pegou o café da minha mão, tomou, olhando na minha cara e depois
disse:
“Tava com gostinho de “quero-mais”.”
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