domingo, 28 de agosto de 2011

Atlas e Axis (Parte 3)

Boa noite. É uma grande coincidência vê-la por aqui Patrícia. Estive com seu pai minutos atrás, falávamos justamente de como você cresceu. Estou a caminho de casa, venha comigo. ”

Ela me olhava interrogativa, como se não entendesse qualquer palavra do meu idioma. O rapaz bochechudo tomou a palavra e condizente com meu pedido, a direcionou até mim.

     Patrícia sem proferir qualquer palavra, acompanhou-me. Passei meu braço pelas costas da moça, cobrindo-a com meu casaco e contava-lhe sobre o encontro com seu pai, para que o mocinho escutasse. Dentro do carro, travei as portas.

Arnaldo, o que está acontecendo? Onde você esteve? O Seu Abílio te ligou o dia todo.”

Continuei em silêncio. Ela estava com os cabelos desgrenhados pela garoa, a maquiagem levemente borrada embaixo dos olhos. O batom borrado mas não ultrapassava o contorno dos lábios. A blusa era decotada e a calça cinza estava manchada pela garoa. Ela me questionou inúmeras vezes, me mantive em silêncio todo o caminho.

Eu não sabia que você tinha esse carrão chique Arnaldo. Para onde estamos indo? Eu estava preocupada. Senti a sua falta.”

Você já conhece Atlas e Axis? Estão aí atrás, nada contentes. Você desde que entrou no carro não os cumprimentou.”

Pude ver em sua expressão a surpresa. Eram canídeos exemplares. E ao meu ver, também não gostaram da moça. A preferiam em outro estado, assim como eu.

Vocês transaram?”

Como assim?”

Você e o bochechudo.”

Claro que não. Por que essa pergunta? Está com ciumes?”

Parei o carro. Saí pela minha porta, dei a volta pela frente e abri a sua. Peguei-a no colo e delicadamente a coloquei sobre o capô. Ela me olhava com um olhar bondoso e confiante. Ela não me conhecia, definitivamente. Pôs as mãos no meu rosto e tentou me beijar. Como com um bebê, apoiei sua cabeça no vidro, passei a mão pelos seios, pelo abdome, pela pelves e abri a calça lentamente. Ela começou a parecer em uma situação estressante. Minha tese já havia sido decretada correta bem antes, mas queria provar-lhe que eu sabia. Baixei a calça, coloquei a calcinha lambuzada de porra para o lado e meti o dedo.

Cheira.”

Agora sim eu estava melhorando de humor. Os olhos de Patrícia começavam a transparecer medo.

Que cheiro tem?”

Não sei, o meu.”

Errou. Tem cheiro de esperma. Do bochechudo.”

Tirei um lenço do bolso, limpei o dedo e entrei no carro. Logo em seguida ela também entrou. Ela chorava. Continuei meu trajeto, rumo ao meu sítio. Não queria ferrar o bochechudo. O rapaz não tinha culpa de nada. Não que eu me preocupasse, mas tinha me afeiçoado ao rapaz e foder com a vida de um jovem pela culpa da morte de uma puta como ela. Não era justo.

É Patrícia, a sua situação se complicou.”

Me desculpe, meu amor. Eu fui uma imbecil, mas ele me seduziu e me forçou. Eu não queria.”

Patrícia, querida, entenda uma coisa: eu não estou nenhum pouco interessado se você deu ou não para o bochechudo. Que você é uma puta, eu já sabia. Até pro velho escroto do Seu Abílio você deu. A única sensação que a senhorita me inspira a sentir é náusea. Mas já dediquei-lhe um vômito. Quando falo que a sua situação se complicou, me refiro a sua morte. Eu tinha planos antes que precisarão ser mudados. Não quero acabar com a vida do bochechudo. Ele é apenas um rapaz inocente. ”

Ela parou de chorar imediatamente e como era de se esperar abriu os olhos involuntariamente ao sentir que a adrenalina tomava-lhe a corrente sanguínea, instigando-a a luta e a fuga. Neste exato momento ela percebera que estava no caminho do fim. E isso iniciava o meu êxtase. Ela olhava inquieta pelas janelas, para trás, aterrorizava-se mais ainda ao se deparar com o olhar amigo de Atlas e a indiferença de Axis. Quando me olhou, eu também a olhava. Terror, era o que eu queria lhe proporcionar.

Sabe Patrícia, na faculdade eu aprendi a lidar com a morte. E o mais interessante é que só existe uma causa de morte. Você sabia? Imagino que não. Todas as pessoas, todas mesmo, morrem de choque. No entanto, existem várias classificações para tais. O seu se chama neurogênico. Gosta do nome? Suponho que sim. Existe um outro, que é interessantíssimo também. O choque hipovolêmico. Como o próprio nome diz, o volume de sangue diminui. Uma hemorragia, para que você consiga compreender melhor. Sinceramente estou na dúvida, se após seccionar sua medula, eu deveria delicadamente trazer a luminosidade externa para dentro de sua jugular, ao cortá-la. Seria um grande prazer vê-la sangrando em cima de uma mesa, com esse rosto de menina, tornando-se cada vez mais pálido. Mas acredito que o seu sangue não me sirva de nada, melhor que morra contigo.”

Tremores e suores a tomaram de forma instantânea. Como um acusado que esperava pela guilhotina, ela esperava pela morte.

Patrícia, não fique tão nervosa. Antes de tudo, você terá muitas alegrias. Eu garanto. E também, eu sou um homem muito bom. Ao seccionar sua medula você não sentirá nada. Talvez um choque, sinceramente ninguém voltou para me contar. Hahahahaha, soa hilário.”

     Percorremos o caminho do sítio até minha casa. Ao parar o carro, Patrícia, instintivamente tentou fugir. Aquilo sinceramente não me era surpresa. As pessoas agem assim naturalmente. A adrenalina os força a agir assim. Ela adentrou o jardim e se perdeu pelo pomar. Se escondendo atrás do abacateiro. Eu conseguia ver tudo, com certa dificuldade, porém ela enxergava o caminho melhor do que a mim. Adrenalina. Sentei-me, nas escadas que saiam próximas ao pomar. Ela não me via. Cansada de correr. Sentou-se. Atlas e Axis foram ao seu encontro. Levantei-me, estendi a mão, sem resposta. Tomei-a nos meus braços. Dentro da casa, ela estava completamente fora de si. Já havia urinado na calça e aquilo realmente me excitou. Coloquei-a em cima na mesa da sala de jantar, abri suas coxas, senti a resistência inicial, no entanto nada me faria desistir de chupá-la daquele jeito.

     Em um único golpe, Patrícia pegou o castiçal de bronze que estava na mesa e me acertou nos côndilos do occipital. Cravando meus dentes na sua carne, o que a deixou sem reação.

Está nervosa, não está? Tudo bem, não precisa responder. Eu compreendo. Mas por favor, entenda. Não há nada que você possa fazer.”

Eu não quero morrer. Por favor! Me perdoe. Eu juro, nunca mais farei nada disso.”

É impressionante como as pessoas se tornam burras nesses momentos de tensão. Já estava completamente extasiado com o medo que ela exalava.

Patrícia, você vê aquele forno? O anexo ao fogão à lenha. Eu uso para assar cordeiros. É uma delícia. Hoje, vou assar você. Daqui da sala, enquanto tomo meu whisky sentirei o cheiro da sua carne podre assando até virar carvão.”

     Coloquei-a de bruços, amarrei os pulsos próximos do sacro. Posicionei sua testa colada ao tampo de cerâmica da mesa, afastei os cabelos da nuca e beijei a linha visível das vértebras cervicais.

Querida, aqui, onde estão meus dedos, estão localizadas suas duas primeiras vértebras cervicais, elas se chamam atlas e axis. Lindos nomes. Eu sei. Entre essas duas vértebras existe o que chamamos de junção atlantoaxial, no meio das duas, vou inserir a ponta dessa faca, sensibilizar a sua medula e com dois movimentos a seccionarei. Um para a direita e outro para a esquerda, mas fique calma, não vai doer. Eu prometo.”

     Foram as últimas palavras que a moça escutara. Com uma faca de desossar, afiada em ambos os gumes, inseri a ponta da faca cerca de quatro centímetros. Movi a lâmina para a direita e para a esquerda e observei os últimos reflexos nervosos involuntários. Com minha magarefe, subtraí dois suculentos pedaços do glúteo máximo, não poderia deixar de presentear meus queridos companheiros. Como havia mencionado, não gosto de alimentá-los com carne, é apenas um presente, para relembrar-lhes a suas origens. Após algum tempo, o corpo já em rigor mortis, coloquei-a no forno já em brasas. Foi melhor assim, não poderia deixar o bochechudo correr o risco de encontrarem seu sêmen no corpo.

Só me arrependi de uma coisa, esqueci de dizer-lhe sobre os últimos reflexos nervosos. Queria que ela soubesse como ficaria linda esticando as pernas e os braços daquele jeito. 

Um comentário:

  1. Medo!! Não consegui parar de ler.
    Muito bem escrito!!
    Parabéns!

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