quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Atlas e Axis (Parte 1)



     De pé, meio curvado eu fazia minha barba. Aquele espelho tinha marcas de ferrugem e fazia parte daquele tipo mais antigo de armarinho de banheiro, que colocamos escovas de dente, fio dental e outras coisas do tipo. Os azulejos do banheiro eram bem antigos, alguns estavam rachados. Era possível ver a mancha do caminho enferrujado percorrido pelas gotas de água que escapavam do encanamento de ferro pelo azulejo. É tudo muito antigo nesse apartamento. Não me incomoda. Na verdade eu me sinto bem aqui, eu sou do tipo de cara que não gosta de coisas muito modernas. Esses estilos arquitetônicos que estão na moda me traduzem muita frieza. Os móveis de madeira, os azulejos, a pia de mármore branco amarelado pelo tempo, os chuveiros a gás, o piso de sinteco e principalmente as janelas de madeira me faziam sentir muito confortável no meu apartamento. Até mesmo o meu aparelho de barbear ainda era daquele tipo antigo, onde giramos para abrir o compartimento da gilete.

     Meu rosto sem barba é bem mais jovem para 31 anos de idade. Não tenho pêlos dentro nas fossas nasais. As mulheres são muito detalhistas, qualquer detalhe pode ser fatal.

     Sempre preferi o sabonete a espuma de barbear, talvez por ser mais econômico, eu sinceramente não sei o porquê. Meu nariz é fino e grande, não tenho muitos cravos, o que é bom. Meus lábios são arroxeados, mesmo tendo parado de fumar há 5 anos. Talvez seja uma característica minha. Não são finos como de muitos homens da minha família. Nasci com a arcada dentária perfeita, as mulheres sempre me elogiam pelo sorriso. Acho que é minha característica marcante. Eu uso óculos. Não consigo enxergar sem eles. É como um reto projetor desfocado. Uma pena, pois tenho olhos castanhos como meus cabelos, bem escuros. Acredito que ficasse melhor sem eles, mas não me adaptei às lentes de contato.

     Esse novo corte de cabelo me deixou mais jovem, disse o barbeiro. Desde que me mudei pra cá só corto os cabelos nele. Não sei se todos os homens são assim, mas a maioria dos caras que conheço faz isso. É uma questão de costume.

     Muitas vezes eu pensei em comprar um espelho maior. Apesar de ter um grande no guarda-roupa, a iluminação do banheiro é melhor para me observar. Não que eu seja um cara vaidoso, longe disso. Mas eu me acho bonito. Tenho um físico comum, talvez um pouco mais forte, mas é uma característica individual, eu não malho nem pratico atividades físicas constantes. Sou um sujeito mais alto que a maioria, isso impõem respeito. Não queria ser um sujeito baixinho.

     Hoje eu não irei ao trabalho. Não acordei a fim de olhar pra cara da puta da Patrícia. Será que ela não imaginou que eu fosse descobrir? Creio que nem havia pensado nisso. As mulheres têm disso. Fazem as merdas e acham que são muito espertas e ardilosas, mas nem sempre isso funciona. Os homens são mais tolos, são do tipo que deixam rastro. As mulheres nunca deixam e, por isso agem como se nunca fossem ser descobertas.

     Foi tão fácil. Eu não sou um cara desconfiado, nem ciumento. Mas não sou infiel e nem admito que sejam. Pode ser que eu seja infiel na minha mente, mas não pratico. Não tenho nenhum motivo especial, é apenas um código de conduta. Gosto das coisas com seriedade. Eu conheci a Patrícia no restaurante. Logo que me admitiram eu percebi os comentários entre as garçonetes. Fui contratado como gerente.

“Lucinha, acabei de ver quem será o novo gerente!”

“Sério? É gato?”

“É sim! Alto e gostosão. Mas tem cara de chato.”

“Por quê?”

“Ah! Não sei. Tem cara de certinho, sabe? Eu tenho um fraco pelos certinhos...”

“Patrícia, nem vem! Fraco por certinhos? Não. Você é safada de natureza. Você tem fraco por tudo quanto e homem, essa é a verdade. Até o Marquinho, o frentista do posto de gasolina você rasgou na maior cara de pau.”

“Nossa Lucinha, também não é assim. O Marquinho me disse que sempre foi apaixonado por mim.”

“E daí Patrícia? Só por isso você tem que dar pro cara?”

“Ah! Lucinha... rolou uma química na hora. Nós bebemos um pouquinho também. E ele não é de se jogar fora. E também tem o fato dele ser religioso. Homens religiosos são certinhos, não são?”

“Tá bem Paty, tá bem. Você tem razão. Você tem um fraco por certinhos.”

Nunca fui de bisbilhotar nada. Foi mero acaso eu escutar aquela conversa das duas. Não só eu escutei,, o dono do restaurante, Seu Abílio, também escutava. Ao final do encantador diálogo, Seu Abílio ria e dizia:

“Essa Patrícia não tem jeito!”

Pela maneira como ele falava, parecia que se referia a uma criança que faz arte. Sabe quando as crianças pintam o lençol com batom? Exatamente dessa forma.

     Aluguei meu apartamento logo que fui contratado, ele já estava mobilhado. Por sorte não era muito longe do restaurante. Foi inevitável, depois de escutar a conversa entre as garçonetes, eu reparava Patrícia com outros olhos. Quando você não conhece uma mulher, nem sabe nada sobre ela, sempre fica com o pé atrás, analisa o terreno. Mas quando você sabe que a mulher é sem vergonha, tudo se torna diferente. Infelizmente Lucinha não fazia meu tipo, mas hoje que eu me arrependo de não me interessar por ela. Pensamento infame, Lucinha era ruiva, não suporto as ruivas.

     Patrícia era uma moça loira, mas não era natural. Ela pintava os cabelos e não era muito cuidadosa. Mas era gostosa. Ainda me lembro dos primeiros dias em que comecei no restaurante. Ela foi a semana toda com a mesma calça. Não era jeans, mas parecia. Um modelo bem apertado que lhe enfiava pela bunda junto da calcinha. Era inevitável não ter vontade de meter a mão ali. Ela se insinuava pra mim de várias maneiras. Só tinha um pequeno detalhe. Ela não me conhecia. Esperei até sexta-feira, se ela fosse com a mesma calça eu atacaria. Caso contrário tudo seria como antes. Bingo.

“Arnaldo, nas sextas-feiras o restaurante fecha mais tarde. Vou deixar a chave com o senhor e deixo tudo por sua responsabilidade. Amanhã abriremos às quinze horas, mas esteja aqui as nove como de costume. Vamos repassar o balanço semanal e lhe darei novas atribuições fiscais. Combinado?”

“Sim, Seu Abílio. Combinado. Devo baixar as portas que horas? Existe alguma recomendação na saída dos funcionários?”

“Não, tudo continua sendo como quando fechamos às vinte e três horas, porém hoje fecharemos uma da manhã. Estou indo embora logo após fechar o caixa do horário do almoço, provavelmente estarei no escritório ainda por mais 40 minutos. Qualquer dúvida me procure lá.”

“Tudo bem Seu Abílio. Tenha uma boa noite.”

Até sorri depois que ele foi para o escritório, tudo estava de acordo com meu plano. Sou um cara silencioso, não gosto de conversa fiada. Provavelmente por isso eu seja mais observador. E uma coisa era certa, ela não estava em dúvida, ao contrário. As mulheres são muito peculiares, cada uma tem um jeito quando quer dar abertura para um cara. Tem um tipo tímido, que me encanta, a moça não consegue te olhar nos olhos, sempre está com a cabeça baixa e, quando ela olha pra você, tem um olhar infantil e assustado. Tem outro tipo, que não tem qualquer pudor, essa é a Patrícia. A safada me esperou na porta do banheiro quando viu que não estava no balcão e se fez de boba, fingindo não saber que eu estava ali e quando saí da cabine, lá estava ela trocando de blusa. Fiz que não vi, lavei as mãos e sai do banheiro como se ela fosse um espírito. Mulheres safadas gostam desse tipo de tratamento. Eu sei bem como são.

     Patrícia não estava nada satisfeita com a minha atitude séria. Ela faria de tudo para fecharmos, nós dois e ninguém mais, o restaurante. E novamente, bingo.

“Arnaldo, acabou de sair o último cliente, são meia noite e vinte, estou morta de cansada, você pode baixar as portas?”

“Claro Lucinha. E por favor, avise ao pessoal da cozinha que estão liberados. E vocês também podem ir, vou apenas terminar de me organizar e fecho tudo.”

“Não quer que te esperemos? Pode ser perigoso, está tarde.”

“Não, eu moro aqui ao lado. Não há qualquer problema. Pedi que o vigilante ficasse até mais tarde hoje também.”

“Nesse caso, boa noite.”

Lucinha saiu bem depressa, primeiro que todos, ainda dava tempo de tomar o ultimo ônibus. O pessoal da cozinha saiu, as meninas da limpeza também. Como esperado. Patrícia não foi embora. Eu fechei as portas, desliguei as câmeras, afrouxei a gravata, abri os primeiros botões da camisa e entrei na cozinha. Queria comer ela ali. Em cima do fogão industrial. Queria deixar nos seus joelhos as marcas do fogão. Ainda estava quente, mas não tanto quando eu queria.

“Arnaldo. O que faz aqui ainda?”

Esperei que se aproximasse de mim, ela chegou bem pertinho. Já sabia que eu a comeria. Virei a moça de costas e apertei as nádegas marcadas pela calça justa. Abaixei e enfiei meu rosto entre as suas pernas e senti o cheiro que queria. A virei de frente e abaixei a calça e a calcinha de uma única vez. Ela estava depilada. A moça era safada. Abria minha blusa, e gemia alto enquanto eu a chupava, não que eu acreditasse que fosse capaz de provocar tamanho prazer na moça, mas ela queria que eu acreditasse. Ela era muito pequena e tinha o corpo de uma menina de quinze anos, o que me dava mais tesão, só não me atraia o fato de ser depravada. Levantei-me e continuei fodendo com meus dedos, ela continuava gemendo alto. Aquele gemido começou a me irritar, estapeei seu rosto e ficaram marcados os quatro dedos na bochecha pálida. Ela não demonstrou qualquer surpresa. Era uma puta mesmo.

“Sobe no fogão.”

“Mas está quente.”

“Não vou pedir de novo. E fica de quatro, meu amor.”

Sabia que o meu amor no final da frase transformaria meu pedido em uma ordem. As safadas não gostam de ser tratadas como tal. Abria bem as pernas e olhava pra mim. Então meti os dedos dentro da boca da moça para que não gemesse mais, trepamos violentamente. Vez ou outra eu me policiava para me certificar de que os joelhos estariam marcados. Quando percebi que já sangravam interrompi imediatamente e como era de se esperar, começou a me chupar, mas não deixei que se afastasse, queria ver se vomitaria. Não vomitou.

     Ao chegar no meu prédio, pude escutar os latidos de atlas e axis. Eles estavam famintos. Trazia comigo dois suculentos pedações de carne que pegara no restaurante, Não gostava de alimentá-los com carne, mas era apenas um presente.

Continua...

3 comentários: